Friday, December 24, 2010

É tradição

É tradição. É importante. Tem que se fazer. Segue os rituais. Segue a receita. Vamos, está na hora. A seguir voltamos. Pró ano repete. No natal trocam-se prendas. Nos casamentos veste-se a rigor. A seguir come-se muito. Vamos, veste o fato. Usa a gravata. Agora não, que é para mascarar. É pascoa, vai uma amêndoa? Morreu na cruz. E o coelho? Não sei. Usa os talheres. Primeiro o peixe, depois a carne. Senhoras primeiro. Não era o peixe? Não digas isso, parece mal. Então digo o quê? Bom dia, boa tarde, boa noite. Estende a mão, recolhe o braço. Come. Bebe. Vá mais um pouco. Não quero. Queres. Agora senta. A seguir levantas. Depois voltas. Porquê? Porque é assim. Tenho de fazer tudo isto? Sim. Mas fico sem tempo. Tempo para quê? Para tudo que não é isto. Isso não é nada. Eu sei. E isso é o que? É tradição. Mas para que serve? Ainda não entendeste? Não. Para nos manter ocupados. Para que tudo pareça importante. Para não nos lembrarmos que ninguém sabe o que estamos cá a fazer. Não saberias lidar com a insignificância. Segue o protocolo, tudo é importante.

Monday, November 22, 2010

Open-minded

Está na moda ter uma mente aberta. Toda gente quer mostrar que tem uma mente aberta, mas para a maioria ter uma mente aberta consiste em experimentar coisas novas, explorar o que se desconhece para ver o que mais agrada. Na realidade isso é apenas ser curioso. Mente aberta implica saber aceitar o que não nos agrada, tolerar o que não compreendemos, conviver com o que não concordamos.



Tuesday, November 9, 2010

O senhor do Tractor

Era uma vez... uma terra distante onde as pessoas plantavam a sua comida, tratavam da sua própria roupa e viviam sem grandes preocupações. Cada pessoa cultivava um pouco do terreno em sua volta e todos eram felizes pois tinham o seu próprio sustento. Um dia um senhor inventou um tractor e cultivou a terra toda sozinho.

Alternativa 1: Agora que cultivar era mais fácil, produzia-se mais comida com menos trabalho, e as pessoas ficaram ainda mais felizes pois tinham mais tempo para dedicar à vida.

Alternativa 2: O senhor do Tractor achou que seria injusto partilhar com o resto da população aquilo que cultivou sozinho e decidiu ficar com tudo para ele. O senhor do Combustível reclamou então uma parte dos produtos ao senhor do Tractor em troca do combustível. Como a terra já tinha sido toda cultivada, as pessoas não tinham onde plantar e então tentaram roubar ao senhor do tractor. Este para se proteger, contratou o senhor da Segurança para guardar as terras, dando-lhe em troca também uma parte do seu cultivo. Para sobreviver as pessoas começaram a oferecer serviços ao senhor do Tractor em troca da comida. O senhor da Moda ofereceu-lhe roupas novas, o senhor das Casas ofereceu-lhe um abrigo maior, o senhor dos Remédios ofereceu-se para lhe tratar as maleitas e por aí fora. Rapidamente começaram a competir para convencer o senhor do Tractor que os seus serviços eram os mais importantes e todos eles indispensáveis. Chegaram mesmo a trocar serviços entre si. No meio de tanta confusão o senhor Governador foi escolhido para organizar e garantir o bom funcionamento dos serviços, recebendo em compensação uma parcela de todos eles. Algumas pessoas não tinham serviços para oferecer e ficaram sem comida, então insistiam em roubar ao senhor do Tractor. Farto da situação, o senhor da Segurança prendeu-as todas num abrigo e contratou o senhor Cozinheiro e o senhor da Limpeza para tratar delas. Assim não passavam fome e ao menos estavam quietas. Com o passar do tempo o senhor do Tractor gozava cada vez mais dos serviços que lhes eram prestados e armazenava menos comida. Com receio de não poder trocar mais comida pelos seus novos vícios, foi trocando por partes do terreno. O senhor Governador logo ordenou que este terreno fosse aproveitado por toda a população para criação dos seus produtos e serviços. Tudo isto gerava uma quantidade enorme de lixo, então o senhor do Tractor teve que abdicar de mais uma grande parte do terreno para se guardar o lixo. Com um terreno agora pequeno, o senhor do Tractor produzia menos comida, mas ainda dava para se alimentar e ter alguns gastos. O senhor Governador logo se apercebeu que nesta terra agora havia menos comida, e logo arranjou o senhor Professor para ensinar novas profissões à população. Com novas profissões haveria mais serviços para trocar por comida. O senhor professor ensinou as novas gerações, e geração após geração as profissões foram passando de pais para filhos. Ao actual senhor do Tractor, descendente do primeiro senhor do Tractor, restava agora apenas um pequeno pedaço de terra para cultivar. Havia fome na terra à já vários anos, embora alguns tivessem mais comida que outros, aos poucos tudo foi escasseando. No meio de toda a miséria o senhor Louco disse à população que teria que haver uma Alternativa, talvez tudo isto fosse desnecessário. Todos trataram de ridicularizar o senhor Louco dizendo que é uma loucura acabar com tudo, pois todo o sistema desmoronar-se-ia e haveria mais miséria. Toda gente sabe que a terra precisa é de mais produtos para gerar mais riqueza.

One in a million

Being one in a million makes me feel so insignificant yet so unique.


Monday, October 18, 2010

Homo, poli e afins

A homofobia não é um quebra-cabeças. Tenta-se impedir que duas pessoas se casem, só porque têm o mesmo sexo, ainda que isso em nada nos afecte. Restringir a liberdade de alguém, por puro capricho, é claramente errado.

Por outro lado nunca tinha reflectido sobre a poligamia, até ler recentemente uma notícia sobre um caso. Sempre visualizei a relação poligâmica como o acto de um homem/mulher que engana dois parceiros, esconde duas famílias e casa duas vezes de forma ilegal. No entanto, o homem deste caso vive feliz com 4 mulheres e filhos de todas elas na mesma casa. Legalmente apenas está casado com uma delas. Todas as mulheres e filhos exclamam serem felizes e amados. Os críticos apontam que "as mulheres não podem ser felizes" e que "o homem deveria ir preso por poligamia". Ora se todos os envolvidos manifestam ser felizes e participar na relação de própria vontade, quem são estes críticos para dizer o contrário? Vamos acabar com a felicidade desta família, deixa-la sem sustento e colocar o pai na prisão, apesar de em nada interferir com a nossa própria liberdade, apenas porque nos parece fora de normal? Se ter filhos fora do casamento fosse ilegal, meio mundo estaria na prisão.

Impedimos a união entre pessoas do mesmo sexo, ou entre várias pessoas, sem motivo para tal, enquanto os casamentos em consanguinidade (por ex. entre primos) são permitidos, apesar de se saber que há uma grande probabilidade de defeitos genéticos em filhos de tais relações.

"We live in a world where we have to hide ourselves to make love, while the violence is made at the light of day". - John Lennon

Sofrimento Artificialmente Prolongado

Impedimos as pessoas de morrer, ainda que queiram, e ainda que tenham fortes motivos para tal. Vejo-me na pele de um doente sem cura, preso a anos sem fio de sofrimento sem retorno. A vida suspensa pelos cuidados constantes de terceiros. - "Estou cansado, doí e não quero mais. Vivi o suficiente. Mas não me deixam morrer, dizem que não é natural."

Não é natural? Recordemos o que aconteceria antes da existência de civilização (cuja duração é uma migalha no tempo total de existência da nossa espécie). O indivíduo em final de vida seria incapaz de procurar alimento e rapidamente sucumbiria. O seu sofrimento terminaria em pouco tempo. Afinal o que é natural e o que é artificial?

Gastamos os nossos esforços a tentar manter vivos a todo custo aqueles que no seu direito querem morrer, enquanto deixamos morrer aqueles que a todo custo lutam pelo seu direito a sobreviver.

You're so COOL


It's pretty easy to be cool, you just look relaxed and don't give a shit about anything. What's not easy is to be a good person, caring for the world around you and managing that with your own life. That's better than cool.

Sunday, October 17, 2010

Conflict

...and I can see that you all disagree with me. Keep in mind that truth is relative, what can be right for one may be wrong for another. In order to live in society we use an agreement of most common sense. Therefore inside these walls you are right, I am wrong. However, there are places in the world where I am right, and that comforts me.


Saturday, October 9, 2010

Rir

Porque gosto de rir e fazer rir...?



Sabemos a verdade toda a vida. Sabemo-la desde que somos crianças. Tudo tem um fim... um dia deixaremos de existir. Nascemos para morrer. Essa realidade está sempre presente, um pesado fardo que carregamos durante toda a viagem.

Mas quando rimos esquecemos por instantes a realidade. Explosões instantâneas de felicidade que nos cegam e elevam. Por momentos rimos na cara do destino. Por momentos somos imortais.

Monday, September 27, 2010

Sunday, September 19, 2010

Science and Religion

Science can't explain everything, religion can't explain anything.

Saturday, June 26, 2010

Futebol

Parece que para algumas pessoas é difícil aceitar que exista alguém que não goste de futebol. Já perdi a conta ao número de pessoas com quem tive esta conversa:

Indivíduo XPTO: Então, aquele jogo...
Eu: Não sei, não gosto de futebol.
Indivíduo XPTO: Ah, não ligas muito. Pois, é como eu, também não ligo muito, só gosto de ver os jogos importantes, tipo os da selecção e assim...

Portanto aqui deixo a minha resposta. Caríssimo XPTO, talvez seja difícil de compreender, mas não gostar de futebol sígnifica mesmo não gostar. Não tentes aliviar a afirmação, mudando-lhe o sentido de forma quase insultuosa, como quem pede ao seu deus para perdoar as minhas palavras hereges de quem não sabe o que diz.

Thursday, June 24, 2010

Sanity


Sometimes I feel I'm the only sane person in the world... and I'm usually unsafe of my mental stability... it is a terrifying scenario!

Monday, March 22, 2010

Alone

There was a world full of people...
...and among them there was a boy.
The boy didn't like crime...
...so he eliminated all the criminals.
The boy didn't like garbage on the street...
...so he eliminated those messy ones.
The boy didn't like violence...
...so he eliminated all the violent.
The boy didn't like smoke...
...so he eliminated all the smokers.
The boy didn't like selfish people...
...so he eliminated those too.
The boy didn't like people talking too loud...
...so he eliminated all the noisy ones.
The world was now a peaceful, silent, clean place...
...but the boy felt alone.


Friday, March 19, 2010

Escuta


"Escuta com o hemisfério direito do cérebro" querem eles dizer...
Eu tento.
Tento escutar.
Mas como vou ouvir desse lado
com todo o barulho que me entra pelo esquerdo ?
Não me falem nesse ouvido,
falem no outro,
ou calem-se.
A cabeça pesa, mas só de um lado.
Deve haver por aqui uns fios trocados,
neurónios que perderam a ligação,
ou simplesmente pesos a mais na balança.

Monday, February 15, 2010

Ida à neve


Skiing, I did it wrong!

Monday, January 4, 2010

Wondering about God

Is there a God?

If yes:
  • What is God?
  • Am I God?
  • Should I try to please him or something?
  • Why do children have cancer?
  • Can God divide by zero? (Maybe... he kept those imaginary numbers hidden for a long time until we found them...)

If no:
  • Ok, that doesn't change things much, does it?

Oh well...

"What if God was one of us
Just a slob like one of us
Just a stranger on the bus
Trying to make his way home"
- Joan Osbourne